CRENÇA, AÇÃO INTENCIONAL E ANIMAIS NÃO-HUMANOS
v. 1, n. 45 (2022) • Revista Ideação
Autor: MAYLSON GONÇALVES CANDEIRA
Resumo:
Este artigo visa realizar uma análise crítica da posição que será chamada de rejeitacionista cuja tese principal consiste em negar a atribuição de crenças e racionalidade a animais não-humanos. Em oposição à tese rejeitacionista, será proposta a abordagem minimalista da crença segundo a qual a crença é um estado representacional básico, e não proposicional. Duas teorias apresentadas neste artigo compõem a posição rejeitacionista. A teoria proposta por Davidson (2001, 2004) segundo a qual há uma relação intrínseca entre crença, conceitos e linguagem, e a teoria de Stich (1979) segundo a qual os animais nãohumanos não possuem crença porque as suas entidades mentais não podem ser traduzidas ao nosso repertório conceitual compartilhado. Este modelo proposicional da crença será criticado a partir da tese proposta por Dretske (1983) que argumenta que a capacidade discriminatória é suficiente para a posse de conceitos e de crenças, assim como a tese de Carruthers (2009) segundo a qual a satisfação da versão fraca da generalidade garante a posse de conceitos. Em seguida, o argumento da abordagem minimalista da crença será estendido para o campo da ação intencional e da racionalidade prática. Argumentarei que os animais não-humanos são agentes intencionais e racionais que possuem racionalidade mínima.
Abstract:
This paper aims to making a critical analysis about a philosophical position that is called rejectionism that denies the idea that non-human animals have beliefs and rationality. Against that position, I will argue in defense of a minimalist approach to beliefs that argues that belief is a basic representational state rather than a propositional attitude. Two theories will be shown on behalf of rejectionist position. Donald Davidson’s (2001) theory according to which there is an intrinsic relation among beliefs, concepts and language, and Stich’s theory according to which we cannot ascribe beliefs to non-human animals because they do not share an isomorphic conceptual repertoire with us, human beings. This propositional model will be analyzed critically taking Dretske’s theory that says the discriminatory capacities are sufficient for the possession of concepts, as well as Carruther’s theory which argues that satisfying the weak version of generality restriction guarantees the possession of concepts. Then, I will extend the belief minimalist approach arguments towards intentional and rational actions performed by non-human animals. Non-human animals are intentional and rational agents that have minimal rationality.
Texto Completo: http://periodicos.uefs.br/index.php/revistaideacao/article/view/7484
Palavras-Chave: Crença; Atitude proposicional; Ação intencional; Racionalidade; Animais não-humanos.
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