COGNIÇÃO SOCIAL A PARTIR DA TEORIA DE SITUAÇÕES: EM DIREÇÃO A UMA ABORDAGEM INTEGRADA

v. 1, n. 45 (2022) • Revista Ideação

Autor: DANIEL DE LUCA SILVEIRA DE NORONHA

Resumo:

Os principais objetivos do artigo são (i) explorar a flexibilidade e a eficiência na cognição social e (ii) argumentar que esses conceitos estão em uma relação de complementaridade. Uma motivação central do artigo é que o debate contemporâneo neste domínio, que opõe mentalistas e interacionistas, leva-nos a escolher entre duas alternativas igualmente insatisfatórias: privilegiar a flexibilidade em detrimento da eficiência (mentalismo), ou privilegiar a eficiência em detrimento da flexibilidade (interacionismo). Entretanto, flexibilidade e eficiência são desiderata imprescindíveis da explicação da cognição social. No que diz respeito à flexibilidade, os agentes são sensíveis ao fato de que diferentes estados mentais podem explicar/causar um mesmo comportamento e, inversamente, diferentes movimentos corporais podem ser explicados/causados por um mesmo estado mental. Entretanto, o problema é que as teorias mentalistas estão comprometidas com uma noção de flexibilidade muito carregada do ponto de vista cognitivo. Com efeito, além de flexível, a compreensão mútua é eficiente: contrariamente ao mentalismo, teorias recentes da cognição social baseadas no paradigma da cognição estendida, como a teoria interacionista, procuram fornecer uma imagem da cognição social que faça justiça à eficiência. Entretanto, o problema aqui é que esse movimento de enfatizar a eficiência pode perder de vista a flexibilidade. Em face disto, o artigo apresenta uma alternativa que leva em conta as relações dinâmicas entre flexibilidade e eficiência. A partir da Teoria de Situações, procura-se mostrar que as capacidades que caracterizam a flexibilidade são parcialmente dependentes do nosso engajamento em episódios comuns de interação, e que, inversamente, as capacidades que caracterizam a eficiência não gerariam a estabilidade das interações sem a relação com capacidades flexíveis.

Abstract:

The main objectives of this paper are (i) to explore the concepts of flexibility and efficiency in the domain of social cognition and (ii) to argue that these concepts are in a complementary relationship. A central motivation for this is the fact that the contemporary debate in this domain, that opposes mentalists and interactionists, leads us to a position where we have to choose between two implausible alternatives: either emphasizing flexibility at the expense of efficiency (the mentalist side), or focusing on efficiency at the expense of flexibility (the interactionist side). However, flexibility and efficiency are both critical desiderata of the explanation of social cognition. With regard to flexibility, agents are responsive to the fact that different mental states can explain/cause one and the same behavior, and, inversely, different corporal movements can be explained/caused by one and the same mental state. However, theproblem is that mentalist theories are committed to a very cognitively demanding notion of flexibility. As a matter of fact, mutual comprehension is not only flexible, but also efficient. Contrary to the mentalist paradigm, recent theories of social cognition based on the extended cognition paradigm, such as the interactionist theory, aim to provide an image of social cognition that meets the efficiency demands. The problem here, however, is that the emphasis on the efficiency can lose sight of flexibility. In view of this, the paper advances an alternative that takes into account the dynamic relationship between flexibility and efficiency. From Situations Theory, it argues that the capabilities that characterize flexibility are partially dependent on our engagement in ordinary situations of interaction, and, on the other hand, argues that the capabilities that characterize efficiency, which generate the fluent aspect of interactions, would not be stable without the relationship with flexible capabilities.

Texto Completo: http://periodicos.uefs.br/index.php/revistaideacao/article/view/7513

Palavras-Chave: Cognição social, Flexibilidade, Eficiência, Inferência situada.

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