A INFLUÊNCIA DE HERÁCLITO NO ESTILO EM NIETZSCHE: A POSSIBILIDADE DE FILOSOFAR SEM O ?CONCEITO?
v. 1, n. 45 (2022) • Revista Ideação
Autor: MICAEL ROSA SILVA
Resumo:
Nietzsche, na seção de sua autobiografia intelectual intitulada “Porque escrevo livros tão bons”, assevera que todo o sentido da arte de seu estilo é “comunicar um estado, uma tensão interna de páthos por meio de signos”. Em última análise, Nietzsche, por meio de seu estilo, rompe com um modo tradicional e sistemático de se exprimir filosofia, inovando a então “prosa filosófica” ao lhe conceder beleza artística, expressões hiperbólicas, musicalidade, imagens poéticas, símbolos e alegorias. Assim sendo, o estilo nietzschiano é mais que uma mera escolha de escrita e expressão de seus pensamentos, todavia, é o meio pelo qual ele pode criticar a tendência em estabelecer conceitos totalizantes e cristalizados da linguagem tradicional, assim como é um meio de avaliar a cultura ocidental de que essa linguagem é constructo. Pensando nisso, este trabalho divide-se em duas partes: 1) apreciar o contraste entre as concepções de linguagem difundidas por Aristóteles e por Heráclito de Éfeso, demonstrando como o último influencia definitivamente o estilo nietzschiano; 2) considerar como o estilo de Nietzsche está associado à sua concepção filosófica da gênese da linguagem, onde os símbolos e alegorias são privilegiados em detrimento do “conceito”.
Abstract:
Nietzsche, in the section of his intellectual autobiography, entitled “Why I write such good books”, asserts that the whole sense of the art of his style is “Communicating a state, an inner tension of pathos through signs”. Ultimately, Nietzsche, through his style, breaks with a traditional and systematic way of expressing philosophy, innovating the then “philosophical prose” by granting it artistic beauty, hyperbolic expressions, musicality, poetic images, symbols and allegories. Thus, the Nietzsche's style is more than a mere choice of writing and expression his thoughts, however, it is the means by which he can criticize the tendency of traditional language to establish totalizing and crystallized concepts, as well as a means of evaluating the Western culture, that this language is construct. With that in mind, this work is divided into two parts: 1) appreciate the contrast between the conceptions of language spread by Aristotle and by Heraclitus of Ephesus, demonstrating how the latter definitely influences Nietzsche's style; 2) consider how Nietzsche's style is associated with a formulation of the genesis of language, where symbols and allegories are privileged over the “concept”.
Texto Completo: http://periodicos.uefs.br/index.php/revistaideacao/article/view/8299
Palavras-Chave: Heráclito, linguagem, Nietzsche.
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