EPISTEMOLOGIA DO RECONHECIMENTO: INVISIBILIDADE E CEGUEIRA ENTRE RACISMO E BRANQUITUDE

Edição Janeiro-Junho: v. 1 n. 49 (2024) • Revista Ideação

Autor: DANNIEL LEÃO DE OLIVEIRA E CARLOS CÉSAR BARROS

Resumo:

Este trabalho aborda a relação entre um par que compõe o racismo: a invisibilidade das pessoas negras e a cegueira da branquitude. Um caminho possível para a superação do racismo é o que aqui denominamos “epistemologia do reconhecimento”. Com ela buscamos compreender os processos que possibilitam o reconhecimento do outro e de si mesmo como ser humano, tal como a denegação desse reconhecimento como efeito do racismo. Trata-se de uma revisão bibliográfica que toma como referencial teórico um diálogo entre as teorias do reconhecimento, de base hegeliana, de Frantz Fanon e Axel Honneth. Abordamos a distinção entre as perspectivas do observador e do participante; a tese de que o reconhecimento precede o conhecimento na gênese das relações humanas; a relação entre racismo, invisibilidade e cegueira; a alteração da lógica do primado do reconhecimento induzida pelo racismo. Nossos resultados passam pelos processos afetivos da infância, base da precedência do reconhecimento sobre o conhecimento, que é desafiada pela reificação racista que leva ao esquecimento do reconhecimento. O diálogo profícuo entre os pensamentos de Honneth e Fanon revela uma compreensão da interdição racista ao reconhecimento, mas também suas contradições e possibilidades em contexto complexo de reconhecimento fronteiriço.

Abstract:

This work addresses the relationship between a pair that makes up racism: the invisibility of black people and the blindness of whiteness. One possible way of overcoming racism is what we call "epistemology of recognition". With it, we seek to understand the processes that make it possible to recognize the other and oneself as a human being, as well as the denial of this recognition as an effect of racism. This is a bibliographical review that takes as its theoretical reference a dialog between Frantz Fanon's and Axel Honneth's Hegelian-based theories of recognition. We address the distinction between the perspectives of the observer and the participant; the thesis that recognition precedes knowledge in the genesis of human relations; the relationship between racism, invisibility and blindness; the change in the logic of the primacy of recognition induced by racism. Our results involve the affective processes of childhood, the basis of the precedence of recognition over knowledge, which is challenged by racist reification that leads to the forgetting of recognition. The fruitful dialogue between the thoughts of Honneth and Fanon reveals an understanding of the racist interdiction to recognition, but also its contradictions and possibilities in a complex context of border recognition.

DOI: https://doi.org/10.13102/ideac.v1i49.10400

Texto Completo: https://periodicos.uefs.br/index.php/revistaideacao/article/view/10400

Palavras-Chave: Reconhecimento; Racismo; Branquitude; Fanon; Honneth.

Revista Ideação

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