A FUNDAÇÃO DE UM REINO DE DEUS NA TERRA E A QUESTÃO DA (IN) DISPENSABILIDADE DAS RELIGIÕES HISTÓRICAS NA FILOSOFIA KANTIANA DA RELIGIÃO
Kínesis - Revista de Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia - v. 8 n. 16 (2016) • Revista Kínesis
Autor: Julian Batista GUIMARÃES
Resumo:
O objetivo deste artigo é apresentar e discutir o papel que Kant concede às religiões históricas, (compreendidas sob a denominação geral de “igreja visível”), no processo que o filósofo chama de “fundação de um reino de Deus na terra”, tal como apresentado na parte III da obra A Religião nos limites da simples razão. Para isso apresentar-se-á a distinção kantiana entre religião histórica e religião racional e seus correspondentes (fé histórica e fé religiosa pura, fé eclesial e fé racional pura) bem como o conceito de comunidade ética enquanto povo de Deus sob leis éticas. Tal conceito de uma igreja invisível, enquanto mera ideia, não é objeto de experiência possível, mas serve de arquétipo àquelas (igrejas) que devem ser fundadas pelos homens. Assim, a igreja visível, enquanto união efetiva dos homens num todo que concorda com aquele ideal, é interpretada como veículo que traz consigo um princípio de aproximação contínua à pura fé religiosa ou religião racional. Por fim, discutiremos a questão da dispensabilidade (ou não) das religiões históricas, implicada na interpretação kantiana, que pode ser resumida nos seguintes termos: à fé religiosa pura se há de acrescentar sempre uma fé histórica (eclesial) como uma parte essencial, ou a fé eclesial, como simples meio condutor, poderá transformar-se progressivamente em fé religiosa pura?
Abstract:
The aim of this paper is to present and discuss the role that Kant grants to historical religions (comprehended under the general name of "visible church"), in the process that the philosopher calls the "foundation of a kingdom of God on earth" as presented in Part III of the book Religion within the limits of reason alone. For this we will introduce the Kantian distinction between historical and rational religion and their corresponding (historic faith and pure religious faith or ecclesial faith and pure rational faith) as well as the concept of ethical community as a people of God under ethical laws. This concept of an invisible church, as a mere idea, cannot be object of experience, but serves as the archetype for those (churches) to be founded by human beings. Thus, the visible church as effective union of human beings as a whole that agree with that ideal, is interpreted as a vehicle that brings a principle of continuous approach to pure rational religion or religious faith. Finally, we discuss the issue of dispensability (or indispensability) of the historical religions, involved in Kant's interpretation, which can be summarized as follows: a historical faith (ecclesiastical) must be always presented as an essential element of pure faith, or the ecclesial faith, is only a vehicle which finally can pass over into pure religious faith?
ISSN: 1984-8900
DOI: https://doi.org/10.36311/1984-8900.2016.v8.n16.17.p219
Texto Completo: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/kinesis/article/view/6427
Palavras-Chave: Kant. Religião racional. Religião histórica. Fé eclesial.
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