O PROBLEMA DO DESACORDO RELIGIOSO: PERSPECTIVAS EPISTEMOLÓGICAS

Kínesis - Revista de Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia - v. 7 n. 13 (2015) • Revista Kínesis

Autor: Louis-Jacques FLEURIMOND

Resumo:

Este trabalho objetiva expor o problema do desacordo religioso, mostrar como ele afeta a justificação da crença religiosa e tentar oferecer algumas alternativas que mostram em que circunstâncias um crente pode manter sua crença religiosa racionalmente em face do desacordo de seu par. Quando somos confrontados com outros que parecem estar em igualdade a nós mesmos no que diz respeito à inteligência, capacidade de raciocínio, informação de fundo, e assim por diante – parece que isso deve reduzir a credibilidade racional que possuíamos antes do desacordo. Não havendo razão para manter nossa crença, devemos suspender nosso juízo. O desacordo religioso torna-se um problema para a credibilidade racional das crenças religiosas. Três propostas são oferecidas como possíveis soluções a este problema. A primeira, defendida pelo relativismo, é a de que, num desacordo sobre qualquer assunto, os envolvidos podem manter sua crença, porque a verdade da proposição, objeto de crença, seria relativa ao sujeito que crê nela. A segunda, sustentada por Plantinga, propõe que a crença religiosa é básica, porque a pessoa está justificada em mantê-la de forma independente epistemicamente de outras crenças. Na terceira, defendida por DePoe, uma pessoa pode manter sua crença em face do desacordo nas seguintes circunstâncias: (i) quando possuir evidência diferente e melhor que a de seu par; (ii) quando com respeito à mesma evidência responder melhor a essa evidência do que seu par; e (iii) quando comprovar que seu par tem um defeito cognitivo.

Abstract:

This paper aims to expose the religious disagreement’s problem, showing how it affects the justification of religious belief and trying to offer some alternatives that show in what circumstances a believer can rationally maintain his religious belief in the face of his peer disagreement. When we are confronted with others who seem to be equal to us regarding intelligence, reasoning ability, background information, and so on - it seems that this should reduce the rational credibility that we had before the disagreement. And, since there is no reason to maintain our belief, rationally we ought to suspend judgment. The religious disagreement reveals a problem for the rational credibility of religious beliefs. Three proposals are offered as possible solutions to this problem. The first, defended by relativism, is that in a disagreement on any issue, those involved can maintain their beliefs, because the truth of the proposition, object of belief would be relative to the person who believes in it. The second, defended by Plantinga, proposes that religious belief is basic, because the person is justified in maintaining it in an epistemically independent way from other beliefs. In the third, defended by DePoe, a person can maintain his belief in the face of disagreement in the following circumstances: (i) when her evidence is diferente from and better than that of her peer; (ii) when with respect to the same evidence she cognitively responds better than her peer; and (iii) when she proves that her peer has some cognitive defect.

ISSN: 1984-8900

DOI: https://doi.org/10.36311/1984-8900.2015.v7n13.5457

Texto Completo: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/kinesis/article/view/5457

Palavras-Chave: Desacordo religioso. Desacordo racional. Crença religiosa. Justificação Epistêmica. Par epistêmico.

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