?ESOTERISMO? E CONHECIMENTO EM PLOTINO
Kínesis - Revista de Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia - v. 4 n. 07 (2012) • Revista Kínesis
Autor: Rafael Vieira Gomes
Resumo:
Diferentemente dos diálogos de Platão, considerados “exotéricos”, ou seja, escritos para o público exterior à Academia, os escritos de Plotino, segundo o depoimento de Porfírio, parecem ser apenas para alguns. Se buscarmos compreender as razões internas em seu pensamento para que sua filosofia e seus textos sejam direcionados para um público interno selecionado e reduzido, encontraremos alguns princípios fundamentais que estão intimamente relacionados com a sua concepção de conhecimento e filosofia. O “verdadeiro conhecimento”, aquele do qual dependem todos os outros, segundo Plotino, está para além do discurso e dos raciocínios e se dá como “intuição”, “visão” direta e “experiência” inteligível e só pode ser acessado por aqueles que, por um esforço heroico moral e intelectual (espiritual), voltam-se para si mesmos em um movimento purificador de retorno e simplificação e se unem a si e ao princípio superior no interior da própria alma divina. O que Plotino reconhece como o desejo intrínseco de toda alma e como o percurso da verdadeira filosofia: o de divinização e assimilação a deus (homoíosis theôi), unindo o conhecimento à bem-aventurança (makaría). O verdadeiro conhecimento, portanto, supõe a capacidade de desprendimento e liberação dos demais amores, desejos, dispersão e preocupações exteriores, bem como da identificação excessiva com as paixões e as afecções que nos chegam pelos sentidos. Além de exigir a superação, no limite do percurso, inclusive, do discurso. O que faz desse caminho um percurso reservado a poucos, e do “verdadeiro conhecimento” um bem intimamente atrelado à prática das “verdadeiras virtudes”.
Abstract:
Unlike the texts of Plato, considered “exoteric”– it is, written for the public outside the Academy –, the writings of Plotinus seem produced for a restrict public, according to the testimony of Porphyry. If we want to understand his reasons to direct philosophy and his writings to a selected and limited public, we’ll find some fundamental principles closely related to his conception of knowledge and philosophy. According to Plotinus, the “true knowledge”,of which all others depend, is beyond from speech and reasoning, but as “intuition”or direct “vision” and intelligible “experience”,and can be accessed only by those who unite them selves to the higher principle within the divine soul, by an heroic moral and intellectual (spiritual) effort, focusing on a purifying movement of returnand simplifying that is in themselves. What Plotinus recognizes as intrinsic desire of every soul and as the pathof true philosophy: the divinization and assimilation to god (homoíosis theôi), linking knowledge tobeatitude (makaría). The true knowledge, therefore, assumes the detachment ability andrelease of other loves, desires, external worries and dispersions as well as identifying ourselves with the passion and affections that come to usby the senses. Besides to demand go beyond, within the limits of the path, even of discourse. What makes this path a reserved route for a few, and of the “true knowledge” a good and intimately tied to the “true virtues” practice.
ISSN: 1984-8900
DOI: https://doi.org/10.36311/1984-8900.2012.v4n07.4449
Texto Completo: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/kinesis/article/view/4449
Palavras-Chave: retorno, conversão, purificação, visão, união, conhecimento.
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