AS RUPTURAS EPISTEMOLÓGICAS NAS CIÊNCIAS DA VIDA SEGUNDO A ARQUEOLOGIA DE MICHEL FOUCAULT
Kínesis - Revista de Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia - v.13 n. 35 (2021) • Revista Kínesis
Autor: Ricardo Max Lima Cavalcante
Resumo:
Este artigo busca expor a compreensão da ruptura ou descontinuidade epistemológica explanadas pelo filósofo francês Michel Foucault em sua obra As palavras e as coisas. A partir de seu método, denominado Arqueologia do saber, o autor tenta evidenciar que a distinção entre a História Natural dos séculos XVII e XVIII, ciência que visava classificar animais e plantas em espécies, gênero e outras categorias, a partir de características físicas externas dos organismos, e a biologia que surge no final do século XVIII caracterizada como o estudo da vida, tendo em conta as funções dos órgãos internos e a relação entre os organismos e os seus habitats, como eles se alimentam, como respiram etc. Como veremos ao longo do texto, a ruptura epistemológica causada pelo surgimento do microscópio e pelas primeiras dissecações do biólogo Georges Cuvier não apenas deu início à biologia, mas também forneceu a condição de possibilidade de emergir a compreensão evolutiva na segundo metade do século XIX. Ao dissecar organismos, Cuvier não apenas teria quebrado a barreira epistemológica intransponível da epiderme dos seres vivos, mas também pavimentado o caminho para Charles Darwin e Alfred Wallace conceberem a noção da evolução das espécies algum tempo depois.
Abstract:
This article seeks to expound the understanding of epistemological rupture or discontinuity legitimated by the French philosopher Michel Foucault in his work The Order of Things. From his method, denominated Archeology of knowledge, the author tries to evince that the distinction between the Natural History of the 17th and 18th centuries, a science that aimed for the classification of animals and plants in species, gender and other categories from external physical characteristics of organisms, and biology that emerges at end of 18th century characterized as the study of life, taking into account the functions of internal organs and the relation between organisms and their habitat, how they feed, how they breathe etc. As we shall see throughout the text, The epistemological rupture caused by the emergence of the microscope and by the first dissections by biologist Georges Cuvier not only initiated biology but also provided the condition of possibility of emerging evolutionary understandings in the second half of the 19th century. By dissecting organisms, Cuvier would not only have broken the insurmountable epistemological barrier of the epidermis of living beings but also paved the way for Charles Darwin and Alfred Wallace to conceive the notion of the evolution of species some time later.
ISSN: 1984-8900
DOI: https://doi.org/10.36311/1984-8900.2021.v13n35.p298-315
Texto Completo: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/kinesis/article/view/12748
Palavras-Chave: Foucault, Biologia, História Natural, As palavras e as coisas, Arqueologia do saber, Evolução
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