LUSOFONIA HOJE: O LEGADO DE AGOSTINHO DA SILVA
2011, Tomo 67, Fasc. 2 • Revista Portuguesa de Filosofia
Autor: Renato Epifânio
Resumo:
Se, por um lado, o pensamento filosófico não pode submeter-se a nenhum desígnio que lhe seja extrínseco, sob pena de se negar, por outro, não pode alhear-se do espaço-tempo onde emerge e se afirma como tal. Tornou-se entretanto uma evidência que Portugal está hoje num processo de viragem estratégica. Depois de, no rescaldo da descolonização, ter apostado tudo na integração europeia, voltando as costas ao espaço lusófono, importa agora que, Portugal, sem voltar as costas à Europa, aposte de novo na convergência lusófona, ou seja, no reforço dos laços com os restantes países e regiões do espaço da lusofonia. A nosso ver, os estudos filosóficos a realizar em Portugal devem ter em conta essa viragem estratégica, promovendo-a na sua área. A Universidade Portuguesa tem, a esse respeito, uma acrescida responsabilidade. Ela deve liderar, no plano reflexivo, essa viragem estratégica. Se não o fizer, a Universidade Portuguesa condenar-se-á à irrelevância. Não há aqui meio termo – ou ela assume a responsabilidade de liderar, no plano reflexivo, essa viragem estratégica em prol da convergência lusófona ou ela falha, por inteiro, a sua missão. Por isso lembramos aqui o pensamento de Agostinho da Silva.
Abstract:
Philosophical thinking can not submit to any plan that is extrinsic to it, for it cannot distance itself from the space-time from which it emerges. It has now become quite evident that Portugal is now in the process of a strategic change. Once, in the aftermath of decolonization, having waged everything on European integration and turning its back to Lusophone countries, Portugal must now, without rejecting Europe, bet again on Lusophone convergence, i.e., the strengthening of ties with other countries and regions of the Lusophone space. In our view, the philosophical studies to take place in Portugal should take into account of this strategic change. A Portuguese university has, in this respect, an increased responsibility. It should lead in this strategic change in the domain of philosophical reflection. If not, the Portuguese university will condemn ourselves to irrelevance. There is no middle ground here – either it assumes the responsibility to lead in this area, or it will fail in its mission. It is in this context that we remember the thought of Agostinho da Silva.
DOI: http://doi.org/10.17990/RPF/2011_67_2_0317
Palavras-Chave: Portugal,Lusofonia,Europa,Agostinho da Silva
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