Repetition as Resumption: From Litany to Thinking in Byzantium
2013, V.69, N.2 • Revista Portuguesa de Filosofia
Autor: DAN CHITOIU
Resumo:
Na crítica do último século dedicado à literatura Bizantina, encontramos frequentemente observações relacionadas com a monotonia e complexidade inútil do seu estilo. Uma chave de leitura pode ser a referência a um texto essencial para o espírito Bizantino, a saber, o texto litúrgico. Uma ladainha incluída na liturgia Bizantina começa com: “Uma e outra vez, em paz rezemos ao Senhor...” A questão é se este “Uma e outra vez” poderia ser entendido como um urgir à repetição, ou outra qualquer coisa, para recomeçar. Lendo a literatura Bizantina, especialmente a filosófica, deixa claro que aquilo que parece ser uma fórmula estereotipada é, de facto, uma atitude existencial. Os escritores Bizantinos têm consciência da impossibilidade da repetição: não se pode realmente dizer aquilo que outros antes de nós disseram, simplesmente porque não somos capazes de abarcar o verdadeiro significado das suas palavras. No fundo desta tendência espiritual, existe um ideal transversal a toda a cultura Bizantina: a simplicidade da mente. O estado que Adão experimentou no Paraíso, mas que veio a perder, só podendo recuperá-lo quando o Logos encarnou. A simplicidade da mente, esse vazio para a simplicidade é descrito por Máximo o Confessor e outros autores, como o estado em que o intelecto apreende de uma só vez, de forma simples, indiferenciada e não sob uma forma discursiva, toda a realidade que se nos apresenta em si mesma. O que parece ser uma mera repetição é de facto o caminho para atingir um estado de espírito diferente. Assim, a Liturgia Bizantina deu origem a um padrão cultural, a uma certa forma de pensar, bem como a um entendimento específico da filosofia.
Abstract:
In the criticism of the last century dedicated to Byzantine literature, we encounter frequently observations related to the monotony and useless intricacy of its style. The reference to a text essential for Byzantine spirit, liturgical text, can be a key. One litany included in the Byzantine Liturgy begins with “Again and again, in peace let us pray to the Lord…”. The question is if this “again and again” could be understood as an urge to repeating, or something else, to re-stating. Reading Byzantine literature, especially the philosophical one, makes clear that what seems to be a stereotypical formula it is, as the matter of fact, an existential attitude. Byzantine writing contains consciousness of the impossibility of repetition: you cannot really say what those before you have said, simply because you are not capable of grasping the true meaning of their words. In the background of this spiritual tendency, there is an ideal that crosses over the entire Byzantine culture: the simplicity of the mind. The state that Adam experienced in Paradise but that he lost when the Logos became incarnate could be regained. The simplicity of the mind, that emptiness for simplicity is described by Maximus the Confessor and other authors as that state in which the intellect grasps at once, in a simple, undifferentiated and not discursive way, the entire reality that presents itself to him. What it seem to be a mere repetition is in fact the path for attain a different state of mind. So, the Byzantine Liturgy gave rise cultural pattern, to a certain way of thinking, as well as to a specific understanding of philosophy.
Texto Completo: http://www.rpf.pt/images/sobipro/entriesabstract/2013/2/2013_69_2_205.pdf
Palavras-Chave: Liturgia Bizantina,Pensamento Bizantino,reata
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