Amor, loucura e filosofia Platão como um filósofo do evento
v.6 n.12 (2021) • Revista Primordium
Autor: Alan Duarte
Resumo:
Este trabalho busca investigar a relevância da “pedagogia amorosa” para a teoria do conhecimento de Platão, articulação disposta, sobremaneira, no Banquete e no Fedro. Busca-se, para tanto, responder a seguinte questão: o que a centralidade de conceitos como amor, beleza e loucura na obra platônica pode auxiliar na reinterpretação da natureza de sua Filosofia? Problemática que se justifica em virtude da imagem depreciativamente forjada dos filósofos ditos “idealistas”, como se, de maneira geral, fossem desatentos às obrigações para com uma suposta ontologia da diferença, desarticuladora de todo pensamento com pretensões à “absoluta” identidade especulativa do Conceito, como argumenta o filósofo francês Gilles Deleuze. Se aceitarmos tal paradigma, a obra de Platão, pensada a partir do recorte temático aqui sinalizado, parece efetuar um curto-circuito nessa imagem difundida. Conjectura-se, nesse sentido, que a novidade qualitativa presente na obra do filósofo grego, demarcada pelas noções supracitadas, pode ser resgatada e sintetizada com o auxílio do conceito de Evento, tal como disposto no pensamento de Slavoj Zizek. Mediante tal recurso, a filosofia de Platão poderia ser pensada como uma filosofia do evento, o que possibilitaria, com efeito, reavaliarmos até mesmo o papel que o “corpo”, no sentido mais cotidiano e imediato do termo, desempenha para construção e, ainda, sustentação de sua teoria do conhecimento.
Abstract:
This work seeks to investigate the relevance of “amorous pedagogy” to Plato's theory of knowledge, a highly arranged articulation in the Symposium and in the Phaedrus. Therefore, we seek to answer the following question: what can the centrality of concepts such as love, beauty and madness in platonic work help in the reinterpretation of the nature of his Philosophy? A problem that is justified by virtue of the disparagingly forged image of the so-called “idealist” philosophers, as if, in general, they were inattentive to the obligations towards a supposed ontology of difference, disarticulating all thought with pretensions to the “absolute” speculative identity of the Concept , as the French philosopher Gilles Deleuze argues. If we accept such a paradigm, Plato's work, conceived from the thematic approach indicated here, seems to effect a short circuit in this widespread image. In this sense, it is conjectured that the qualitative novelty present in the work of the Greek philosopher, demarcated by the aforementioned notions, can be rescued and synthesized with the help of the concept of Event, as provided in the thought of Slavoj Zizek. Through this resource, Plato's philosophy could be thought of as a philosophy of the event, which would make it possible, in effect, to re-evaluate even the role that the "body", in the most everyday and immediate sense of the term, plays in the construction and, even more, support of his theory of knowledge.
ISSN: 2526-2106
DOI: https://doi.org/10.14393/REPRIM-v6n12a2021-62637
Texto Completo: https://seer.ufu.br/index.php/primordium/article/view/62637
Palavras-Chave: Filosofia platônica; Pedagogia; Eros.
Revista Primordium
ISSN: 2526-2106 Ano de fundação: 2016 Periodicidade Semestral Qualis Capes: B3
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