A metáfora psicológica de Sigmund Freud: neurologia, psicologia e metapsicologia na fundamentação da psicanálise
Vol. 9, No. 1 • Scientiae Studia
Autor: Richard Theisen Simanke; Fátima Caropreso
Resumo:
Este artigo retoma o problema da relação entre a obra neurológica e a obra psicanalítica de Freud e do grau de continuidade ou de ruptura que é possível estabelecer entre elas. Ele aborda, primeiro, as evidências da persistência da referência neurológica no período mais tipicamente psicanalítico da produção freudiana, procurando mostrar que essa referência não é circunstancial ou episódica, mas está sempre relacionada a desenvolvimentos importantes das ideias metapsicológicas. Num segundo momento, são discutidas algumas passagens em que supostamente Freud estaria reiterando o abandono de seu projeto inicial de formular uma teoria neurológica da mente. Procuramos argumentar que Freud reitera nessas passagens tão somente sua recusa da teoria das localizações cerebrais, que data dos primórdios de seu pensamento. A originalidade da psicanálise freudiana não residiria, então, na formulação de uma teoria exclusivamente psicológica da mente consciente e inconsciente, mas na construção de modelos teóricos não-isomórficos da relação mente-cérebro, que constituem o cerne da teoria do aparelho psíquico, com todas as formulações metapsicológicas a ela relacionadas.
Abstract:
This paper discusses the relationship between Freud's neurological and psychoanalytical work, and what can be established about the degree of continuity or rupture between them. In the first place, it discusses the evidence for the persistence of a neurological orientation even during the most typically psychoanalytic period of Freud's work, and argues that his references to neurological matters are not merely circumstantial or episodic, but always related to important aspects of his metapsychological ideas. Secondly, comments are made on some of the passages where Freud supposedly reiterated the renunciation of his early project for a neurological theory of mind; and it is argued that the only thing Freud rejected in these passages is the theory of brain localizations, a theory he had rejected from the outset of his work. From this standpoint, the originality of the Freudian psychoanalysis does not consist in the formulation of an exclusively psychological theory of the conscious and unconscious mind, but in the construction of non-isomorphic theoretical models of the mind-brain relationship that are at the core of the theory of the psychic apparatus and all the metapsychological concepts related to it.
DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1678-31662011000100004
Texto Completo: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-31662011000100004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
Palavras-Chave: Freud,metapsiologia,neurologia,psicologia,pro
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