Formas de autonomia da ciência

Vol. 9, No. 3 • Scientiae Studia

Autor: Marcos Barbosa de Oliveira

Resumo:

Na primeira parte deste ensaio, distinguimos três formas que a autonomia da ciência assume ao longo de sua história: a galileana, a vannevariana e a neoliberal. A galileana foi reivindicada por Galileu em seu conflito com a Igreja Católica. O termo "vannevariana" vem de Vannevar Bush, responsável pelo relatório Science, the endless frontier, que teve um papel fundamental na conformação das práticas científicas no período pós Segunda Guerra. A autonomia vannevariana diz respeito aos rumos da pesquisa científica. A autonomia neoliberal consiste na liberdade de cada cientista procurar financiamento para as pesquisas que deseja realizar em qualquer fonte, pública ou privada, tendo em vista apenas seu auto-interesse (intelectual e/ou econômico). Na segunda parte do ensaio, utilizamos o arcabouço conceitual e histórico proporcionado por essas distinções para discutir a questão: que forma de autonomia deve ser reivindicada pela ciência nos dias de hoje? O procedimento consiste em determinar, para cada uma das três formas, o que deve ser mantido e o que deve ser abandonado. A conclusão a que se chega é a de que a autonomia neoliberal deve ser descartada, a vannevariana restringida, e a galileana preservada.

Abstract:

In the first part of this article, three forms that the autonomy of science has assumed in the course of its history are distinguished: the Galilean one, the Vannevarian one, and the neoliberal one. The Galilean form was claimed by Galileo in his conflict with the Catholic Church. The term "Vannevarian" comes from Vannevar Bush, responsible for the report, Science, the endless frontier, which played a crucial role in the configuration of scientific practices in the post World War II period. Vannevarian autonomy has to do with the directions of scientific research. Neoliberal autonomy consists in each scientist's freedom to search for funds for the research he intends to carry out from any source, public or private, in view only of his self-interest (intellectual or economic). In the second part of the article, the conceptual and historic frameworks provided by those distinctions are used to discuss the question: "what form of autonomy should be claimed by science today?" The procedure consists in determining, for each of the three forms, what should be maintained, and what should be abandoned. The conclusion arrived at is that neoliberal autonomy should be discarded, the Vannevarian one restricted, and the Galilean one preserved.

DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1678-31662011000300005

Texto Completo: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-31662011000300005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

Palavras-Chave: Autonomia da ciência, Galileu,Serendipidade,N

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