A RIQUEZA COMO FIM DA VIDA HUMANA NAS SOCIEDADES MODERNAS

Síntese - Revista de Filosofia v. 49, n.155 • Síntese - Revista de Filosofia

Autor: Júlio Ferreira de Oliveira; Édil Guedes

Resumo:

Este artigo tem como objeto a centralidade da riqueza no mundo moderno, como fato dominante e como norma, ou seja, como o que orienta e regula as atividades social e individual. Iniciaremos com a consideração de que a criação de riqueza material como meta da vida humana a envolver toda a sociedade – esse modo de viver centrado na economia – é condição que pertence apenas às sociedades modernas e à sua forma econômica, o capitalismo, tendo-se expandido por todas as regiões do planeta. Para abordarmos este tema, tomaremos como apoio e ponto de partida as instigantes reflexões de Eric Weil, desenvolvidas especialmente em sua obra Filosofia Política, o que não significará adotá-las incondicionalmente. Em seguida, examinaremos a relação entre o desenvolvimento dessa forma de existência social e o surgimento de uma ciência da economia, que figurará como dimensão decisiva de seu universo simbólico. À guisa de conclusão, buscaremos levantar algumas questões: pôde sustentar-se, por séculos, essa exaltação da riqueza apenas pela coerção? Ou será esta uma forma de vida que, em alguma medida, adotamos, por com ela nos identificarmos? Mas se a vida humana não é apenas realidade econômica, e se as suas questões fundamentais, necessariamente, vão muito além da economia, tomá-la como a sua dimensão principal, fazendo da riqueza a finalidade última da atividade coletiva, não será um enorme equívoco histórico? E se a bem-aventurança econômica prometida não se puder concretizar, não estaremos também diante de um impasse essencial? A resposta positiva a estas questões nos levará à conclusão de que, embora ainda não saibamos como, faz-se imperativo restabelecermos a economia da riqueza como meio, e não como fim da vida humana.

Abstract:

This article aims at reflecting on the centrality of wealth in the modern world, as a dominant fact and as a norm, that is, as what guides and regulates social and individual activities. We will start with the consideration that the creation of material wealth as the goal of human life to involve the whole of society - this economy-centered way of life - is a condition that belongs only to modern societies and their economic form, capitalism, having expanded to every region of this planet. In order to address this theme, we will take Eric Weil's thought-provoking reflections, developed especially in his Political Philosophy, as a starting point and as a reference, although we are not going to adopt them unconditionally. Next, we will examine the relationship between the development of this form of social existence and the emergence of a science of economy, which will figure as a decisive dimension of its symbolic universe. By way of conclusion, we will raise some questions: could this exaltation of wealth be sustained only by coercion? Or is this a form of life that we, to some extent, adopted by identifying with it? But if human life is not just economic reality, and since life’s fundamental questions necessarily go far beyond economics, would it not be an enormous historical misconception to take economic reality as life’s main dimension, making wealth the ultimate purpose of collective activity? And if the promised economic bliss cannot be realized, are we not facing an essential impasse as well? The positive answer to these questions will lead us to conclude that, although we do not yet know how, it is imperative that we restore the economy of wealth as a means and not as end to human life.

ISSN: 0103-4332

DOI: 10.20911/21769389v49n155p617/2022

Texto Completo: https://www.faje.edu.br/periodicos/index.php/Sintese/article/view/5079/4987

Palavras-Chave: Riqueza. Economia. Vida Humana. Ética. Sociedade Moderna. Eric Weil.