Deleuze e a escrita: entre a filosofia e a literatura

v. 45 n. 2 (2022) • Trans/Form/Ação: Revista de Filosofia da Unesp

Autor: Christian Fernando Ribeiro Guimarães Vinci

Resumo:

Esse ensaio buscará sondar as relações entre filosofia e literatura, no pensamento de Gilles Deleuze, a despeito de sua parceria conjunta com Félix Guattari, atentando tanto para as concepções de escrita expressas ao longo de sua obra quanto para o modo como essas concepções teriam influenciado o estilo de seus escritos filosóficos. Partindo da premissa deleuziana de que a escrita possui um acentuado lastro clínico, sendo a responsável pela elaboração de um diagnóstico das forças capazes de aprisionar ou calar a vida, procurar-se-á esmiuçar as ressonâncias desse lastro clínico, na concepção de filosofia como ato criativo, elaborada pelo autor. Como hipótese a ser aqui trabalhada, defende-se que a escrita deleuziana - compreendida como portadora de uma literalidade, conforme sustenta François Zourabchivili, ou como encrustada de uma poética imanentista, tal qual sugere Anita Costa Malufe - procuraria produzir uma zona de vizinhança ou indiscernibilidade entre a escrita filosófica, de caráter mais exegético, e a escrita literária, mais afectiva, de modo a produzir um deslocamento na relação do leitor com o ato de pensar.

Abstract:

In this essay we pretend to study the relationship between philosophy and literature in Gilles Deleuze’s thought, despite of his partnership with Félix Guattari, mapping the conceptions of writing throughout his work and considering the influence of these conceptions to forge a certain style in his philosophical texts. Starting from the deleuzian premise that writing has a strong clinical backing - being responsible for the elaboration of a diagnosis of the forces liable to imprison or silence life -, we will examine the resonances of this clinical backing in his conception of philosophy as a creative act. Our hypothesis is that the deleuzian writing - having a certain literality, as François Zourabchivili argues, or encrusted with an immanentism poetics, as Anita Costa Malufe suggests - would produce a so-called neighborhood zone or zone of indiscernibility between philosophical writing, with a more exegetical character, and literary writing, which is more affective, in order to produce a shift in the reader’s relationship with the act of thinking.

ISSN: 1980-539X

DOI: https://doi.org/10.1590/0101-3173.2022.v45n2.p53

Texto Completo: https://www.scielo.br/j/trans/a/RQFbPL9tbtxsYkKKVR4smvJ/?lang=pt

Palavras-Chave: Gilles Deleuze; Escrita; Clínica

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