Heidegger e o problema do sagrado: entre biografia e filosofia
Trilhas Filosóficas - V. 14, N. 1 (2021) • Trilhas Filosóficas - Periódicos - UERN
Autor: Rodrigo Rizério de Almeida e Pessoa
Resumo:
A questão de deus sempre ocupou o pensamento de Heidegger, desde seu envolvimento inicial com a fé católica, passando em seguida por sua aproximação da teologia protestante, seguida de um período em que parece se aproximar do ateísmo até finalmente a fase em que o sagrado se reveste de um caráter poético e plenamente imanente. Kiesel observa que, ao menos no que diz respeito ao começo de seu caminho, há uma forte reciprocidade entre a biografia e a filosofia de Heidegger. Macdowell, porém, parece exagerar essa reciprocidade, a ponto de sugerir que a vivência de fé inicial de Heidegger é de algum modo transposta para a sua compreensão do homem. Em que pese possíveis influências da teologia e mística cristã em Heidegger, entendemos, como Jonas, que o sagrado aqui é mais próximo de uma perspectiva grega (“pagã) do que cristã. O sagrado em Heidegger é uma dimensão sem a qual os deuses não podem aparecer. Os deuses são manifestações do sagrado, seus envios epocais e históricos, o que revela o caráter imanente do sagrado em Heidegger e a ameaça que representa para a teologia cristã, ao tornar seu deus um mero evento da linguagem.
Abstract:
The question of god has always occupied Heidegger's thinking, from his initial involvement with the Catholic faith, going through his approach to Protestant theology, followed by a period in which he seems to approach atheism until finally the phase in which the sacred takes on a poetic character and is fully imanente. Kiesel notes that, at least as far as the beginning of his journey is concerned, there is a strong reciprocity between Heidegger's biography and philosophy. Macdowell, however, seems to exaggerate this reciprocity, to the point of suggesting that Heidegger's initial experience of faith is somehow transposed to his understanding of man. Despite the possible influences of Christian theology and mysticism in Heidegger, we understand, like Jonas, that the sacred here is closer to a Greek (“pagan”) than a Christian perspective. The sacred in Heidegger is a dimension without which the gods cannot appear. The gods are manifestations of the sacred, their epochal and historical sending, which reveals the immanent character of the sacred in Heidegger and the threat it poses to Christian theology, by making its god a mere event of language.
ISSN: 1984-5561
DOI: https://doi.org/10.25244/tf.v14i1.3532
Texto Completo: http://natal.uern.br/periodicos/index.php/RTF/article/view/3532
Palavras-Chave: Sagrado, Imanência, Cristianismo, Deuses, Ser
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Trilhas Filosóficas é uma revista do Departamento de Filosofia da UERN, Campus Avançado de Caicó (CaC), e do Mestrado Profissional em Filosofia (PROF-FILO) da UFPR, Núcleo UERN. Publica semestralmente: um número como Dossiê dedicado a um filósofo ou temática especificamente filosófica e/ou que articule filosoficamente a questão da Educação e do Ensino, e, outro número, em Fluxo Contínuo, com artigos sobre qualquer temática filosófica ou na interface filosofia, educação, ensino. Extraordinariamente publicaremos um terceiro número, um Dossiê como Edição Especial. Atualmente é Qualis B4 em Filosofia.