O caminho do poético entre Heidegger e Hölderlin: a essência abissal do poetar
Trilhas Filosóficas - V. 14, N. 1 (2021) • Trilhas Filosóficas - Periódicos - UERN
Autor: Lisandra Caroline de Araújo Lima Teixeira
Resumo:
O artigo tem por base pensar acerca da análise heideggeriana sobre o poetar e sua essência, partindo, assim, da poética de Hölderlin. Busca-se, então, meditar acerca do sentido próprio do poetar e do papel do poeta na escuta e nomeação do sagrado que vem à palavra. A relação do poeta com o sagrado é o cuidado do acolhimento. O poeta é o intermédio entre os deuses, que trazem os acenos do sagrado, e os homens. Esses precisam do canto do poeta no rememorar de sua pátria mais própria que foi esquecida. A natureza é, na poesia de Hölderlin, o sagrado onipresente que tudo permeia e possibilita a criação. Os poetas pressentem o vindouro que se ausentou e por lhe pertencer o corresponde. Ele acolhe o sagrado na palavra e nomeia seu inaugural. Esse sentido, no poetar de Hölderlin, nos remete ao sentido grego de physis, crescimento do que brota por si. Physis dá claridade a tudo que irrompe, ela está em tudo que se presentifica, é clareira (Lichtung). Como natureza é caos sagrado, caos é abismo, aberto em que tudo é engolido. O abismal é, assim, o sem fundamento do real, da liberdade do romper inaugural. O cantar do poeta é testemunho, portanto, do inaugurar do caos sagrado.
Abstract:
The article is based on thinking about Heidegger's analysis of the poet and his essence, thus departing from Hölderlin's poetics. The aim is, then, to meditate on the poet's own meaning and the poet's role in listening to and naming the sacred that comes to the word. The poet's relationship with the sacred is the care of welcoming. The poet is the intermediary between the gods, who bring the beckons of the sacred, and men. These need the poet's song in remembering their own homeland that has been forgotten. Nature is, in Hölderlin's poetry, the omnipresent sacred that permeates everything and makes creation possible. The poets sense the coming who has gone away and, because he belongs to him, the correspondent. He welcomes the sacred in the word and names its inaugural. This sense, in Hölderlin's poet, takes us back to the Greek sense of physis, the growth of what sprouts by itself. Physis gives clarity to everything that breaks through, it is in everything that makes itself present, it is clearing (Lichtung). As nature is sacred chaos, chaos is an abyss, open in which everything is swallowed. The abysmal is, thus, the groundless of the real, of the freedom of the inaugural break. The poet's singing is, therefore, testimony to the inauguration of the sacred chaos.
ISSN: 1984-5561
DOI: https://doi.org/10.25244/tf.v14i1.3535
Texto Completo: http://natal.uern.br/periodicos/index.php/RTF/article/view/3535
Palavras-Chave: Poesia, Sagrado, Caos, Naturea, Physis, Abismo
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