Desartificação da arte e construtos estético-sociais
Viso · Cadernos de estética aplicada N° 11 • Viso: Cadernos de Estética Aplicada
Autor: Rodrigo Duarte
Resumo:
Este artigo pretende examinar a relação entre a concepção de desartificação (Entkunstung), de Theodor Adorno, e a minha própria noção de “construto estético-social”. A primeira se refere à situação da arte numa época dominada pela indústria cultural e suas mercadorias, na qual, sob certas circunstâncias, os próprios artistas reduzem sua expressão a uma estrutura mínima a fim de prevenir as ameaças à sua arte por parte do “mundo administrado” (Adorno). Já o conceito de “construto estético-social é uma tentativa de compreender alguns fenômenos estéticos contemporâneos que apresentam, por um lado, traços de mercadorias culturais, já que renunciam à complexidade formal das obras de arte propriamente ditas e são – pelo menos parcialmente – veiculados por típicos meios de massa; por outro lado, eles não se enquadram totalmente na categoria de mercadoria cultural, uma vez que apresentam aspectos críticos à sociedade tardo-capitalista e são ligados a ações políticas originadas em comunidades muito pobres, que se entendem a si mesmas como dispostas a transformar aquela sociedade. Fenômenos que se enquadram na descrição de “construtos estético-sociais” podem ser encontrados, por exemplo, na cultura hip hop. A conclusão preliminar a que se chega é que, apesar de a arte desertificada e os “construtos estético-sociais” não serem exatamente a mesma coisa, há uma ligação subterrânea entre essas duas concepções, uma vez que ambas operam – de modo mais ou menos intencional – uma redução na forma de sua expressão a fim de fazer frente às exigências de uma cultura contemporânea autêntica.
Abstract:
This paper intends to examinate the relationship between Theodor Adorno’s conception of “des-artification” (Entkunstung) and my own notion of “social-aesthetic construct”. The former refers to the condition of art in na age dominated by the culture industry and its cultural commodities, in which under certain circumstances the artists themselves tend to reduce their expression to a minimal framework in order to prevent the threats to their art by the “administered world” (Adorno). The latter - the concept of “social-aesthetic construct” – is na attempt to understand some contemporary aesthetic phenomena which display, on one hand, traits of cultural commodities, since they give up the formal complexity of artworks properly speaking and are – at least partially – carried out by typical mass media and, on the other hand, do not fit wholly in the category of cultural commodity since they present critical aspects to late-capitalist society and are linked to political actions originated in very poor communities that understand themselves honestly as willing to transform that society. Phenomena that fit in the description of “social-aesthetic construct” could be found, for instance, in the Hip Hop Culture. The preliminary conclusion is that, although des-artified art and social-aesthetic constructs are not exactly the same thing, there is na undergrounded link between these two conceptions, since both operate a – more or less intentional – reduction in the form of their expression in order to pace with the requirements of na authentic contemporary culture.
Texto Completo: http://revistaviso.com.br/visArtigo.asp?sArti=85
Palavras-Chave: Theodor Adorno, Hip Hop , arte contemporânea,
Viso: Cadernos de Estética Aplicada
viso s.m. 1 modo de apresentar-se, aparência, aspecto, fisionomia 2 sinal ou resquício que deixa entrever algo; vestígio, vislumbre 3 recordação vaga; reminiscência 4 modo de ver, opinião, parecer 5 o cume de uma elevação, monte ou montanha 6 pequena colina, monte, outeiro 7 obsl. o órgão da visão, a vista. ETIM lat. visum ‘visão, imagem, espetáculo’.