Pina 3D e a força sensível do cinema
Viso · Cadernos de estética aplicada N° 15 • Viso: Cadernos de Estética Aplicada
Autor: Vladimir Vieira
Resumo:
Esse artigo discute a força sensível do cinema a partir de uma análise do documentário Pina 3D, de Win Wenders, sobre a coreógrafa Pina Bausch. Sugiro, inicialmente, que a questão acerca do status ontológico das imagens no cinema é central para a obra de Wenders desde que o cineasta conquistou o Leão de Ouro em Veneza com o filme O estado das coisas, em 1982. Em seguida, discuto a possibilidade de compreender as imagens cinematográficas como um desafio ao debate acerca da representação tal como ele se desenvolveu no período inicial da filosofia moderna: por um lado, elas são criadas arbitrariamente, tais como aquelas que são produzidas pelo uso da imaginação; por outro, assemelham-se aos dados sensíveis mais fortes e involuntários que tomamos ordinariamente como cópias das coisas tais como existem no mundo fora da mente. Nesse sentido, poder-se-ia dizer, em termos humeanos, que tais imagens contém propriedades tanto de ideias da imaginação quanto de impressões dos sentidos. Por fim, argumento que o emprego da tecnologia 3D em Pina representa um ataque ao paradigma representacional no cinema, na medida em que o filme de Wenders pressupõe que o cinema obtém a sua qualidade estética não do fato de copiar a “realidade”, mas antes da força sensível das próprias imagens.
Abstract:
In this paper, I examine the sensible power of movie images based on na analysis of Pina 3D (2011), Wim Wenders’ documentary feature on choreographer Pina Bausch. At first I suggest that the question about the ontological status of images in films is a central issue of Wender’s work that goes back to his 1982 Golden Palm in the Cannes Film Festival with The State of Things. From this initial statement, I argue that movie images defy traditional philosophical discussions of representation, such as were common in the early Modern period: on the one hand, they are arbitrarily created, like those produced by our imagination; on the other hand, they resemble the more powerful, involuntary sensory data that we ordinarily regard as copies of things that exist in the world outside our minds. In Humean terms, we could say that movie images mix qualities both of ideas of imagination and of impressions of the senses. Finally, I propose that the use of 3D technology in Pina may be understood as na attack on the representational paradigm in cinema, since it points out to the assertion that movies retain their aesthetic force not from the fact that they may be taken as copies of “real” things, but rather from the sensible power of the images themselves.
Texto Completo: http://revistaviso.com.br/visArtigo.asp?sArti=138
Palavras-Chave: Wim Wenders, Pina Bausch ,ontologia da image
Viso: Cadernos de Estética Aplicada
viso s.m. 1 modo de apresentar-se, aparência, aspecto, fisionomia 2 sinal ou resquício que deixa entrever algo; vestígio, vislumbre 3 recordação vaga; reminiscência 4 modo de ver, opinião, parecer 5 o cume de uma elevação, monte ou montanha 6 pequena colina, monte, outeiro 7 obsl. o órgão da visão, a vista. ETIM lat. visum ‘visão, imagem, espetáculo’.