A pintura “sublime” de Barnett Newman
Viso · Cadernos de estética aplicada N° 18 • Viso: Cadernos de Estética Aplicada
Autor: Alice de Carvalho Lino
Resumo:
O presente artigo refere-se à crítica de Lyortard à pintura de Barnett Newman a partir da estética do sublime de Longino, Burke e Kant. Primeiramente, amparando-se em Longino, o crítico estabelece uma relação entre o silêncio sublime, a imagem do indeterminado e as artes nos séculos XIX e XX. Indícios desta indeterminação pictural já seriam perceptíveis desde as telas de Manet e Cézanne, já que eles teriam rompido com os padrões estabelecidos na representação, constituindo outra relação entre a figura e o espaço, mediante as cores com seus valores. No caso das pinturas de Newman, o indeterminado estaria na cor, no próprio quadro, que possibilitaria, nos termos de Lyotard, a ocorrência da obra. Esta ocorrência equivaleria ao “consumo” imediato da imagem, capaz de suscitar o prazer do sentimento sublime. O terror ou o temor sentido estaria na possibilidade da não ocorrência da obra, que é descrita por Lyotard a partir do aspecto da “privação”, presente, especialmente, na estética de Burke. Lyotard descreve as obras de Newman recorrendo também à noção de “inapresentável”, devido à presença do informe e da ausência completa da forma nos quadros. Nesse momento de sua argumentação, ele recorre ao conceito do sentimento do sublime de Kant. Assim, diferentemente da incapacidade da imaginação vivenciar os fenômenos naturais em todo seu poderio e grandeza, a pintura sublime – na caracterização de Lyotard – apresentaria tais potências mesmo que de modo negativo.
Abstract:
This article refers to the criticism of Lyotard to Barnett Newman's painting from the aesthetic of sublime of Longino, Burke and Kant. Firstly, supporting in Longino the critic establishes a relation between the sublime silence, the image of the indeterminate and the arts in the nineteenth and twentieth centuries. Indications of this indetermination pictorial would be already visible from the Manet and Cézanne paintings, because they would have broken with the standards established in representation, constituting another relation between the figure and space, through the colors with their values. In the case of Newman's paintings, the indeterminate would be the color, the frame itself, which would make possible, according to Lyotard, the occurrence of the work. This occurrence would be equivalent to the immediate "consumption" of the image, able to arouse the pleasure of sublime feeling. The terror or fear felt would be the possibility of nonoccurrence of the work, which is described by Lyotard from the aspect of "privation", present especially in Burke's aesthetics. Lyotard describes Newman's works also using the notion of "unpresentable" due to the presence the formless and the complete absence of form in the frames. At this point of his argument, he resorts to the concept of the sublime feeling of Kant. Thus, instead of the imagination's inability to experience natural phenomena in all its power and grandeur, the sublime painting - in the characterization of Lyotard - would present such powers even negatively.
Texto Completo: http://revistaviso.com.br/visArtigo.asp?sArti=187
Palavras-Chave: crítica de arte , expressionismo abstrato , s
Viso: Cadernos de Estética Aplicada
viso s.m. 1 modo de apresentar-se, aparência, aspecto, fisionomia 2 sinal ou resquício que deixa entrever algo; vestígio, vislumbre 3 recordação vaga; reminiscência 4 modo de ver, opinião, parecer 5 o cume de uma elevação, monte ou montanha 6 pequena colina, monte, outeiro 7 obsl. o órgão da visão, a vista. ETIM lat. visum ‘visão, imagem, espetáculo’.