Quando perco o ânimo e invejo as feras selvagens: o otimismo em Dias felizes

Viso · Cadernos de estética aplicada N° 22 • Viso: Cadernos de Estética Aplicada

Autor: Gleydson Ferreira

Resumo:

O presente artigo aborda a construção do otimismo em Dias felizes, de Samuel Beckett. Para tanto, debate como o otimismo é configurado, sobretudo em resposta ao pessimismo, resultante da situação alarmante e irremediável em que se encontra Winnie; enterrada em cena durante todo o drama. Evidencia-se, desse modo, como há um recuo subjetivo, geralmente por meio da distração, cujo efeito é a autopreservação. Assim, Winnie recorre à rotina maquinal, às frases otimistas, e ao palavrório incessante, a fim de não sucumbir ao completo descontrole. Todavia, o fracasso revela-se desde o início. Condenada não apenas à repetição incessante das ações, mas também à suspensão da própria morte, Winnie perpetua-se na antessala do aniquilamento total, sendo incapaz de uma mudança significativa, ou mesmo de sustentar a boa disposição por muito tempo.

Abstract:

This paper tackles the creation of optimism in Samuel Beckett’s Happy days. In order to do so, we discuss how said optimism is shaped, especially in opposition to the pessimism resulting from the alarming and irreparable circumstances in which Winnie finds herself; buried on stage during the whole extension of the play. Thus, we shed light on a subjective detachment, often by means of distraction and aiming self-preservation. This way Winnie appeals to a mechanical rut, to optimistic phrases and to idle chatter, so as to not give way to utter lack of control. Nevertheless, failure is disclosed from the beginning. Sentenced not only to ceaseless repetition of actions, but also to the suspension of death itself, Winnie perpetuates in the hall of absolute annihilation, as she is unable to achieve significant change, or even to uphold enthusiasm for some time.

Texto Completo: http://revistaviso.com.br/visArtigo.asp?sArti=240

Palavras-Chave: otimismo , Dias felizes , alegoria,optimism

Viso: Cadernos de Estética Aplicada

viso s.m. 1 modo de apresentar-se, aparência, aspecto, fisionomia 2 sinal ou resquício que deixa entrever algo; vestígio, vislumbre 3 recordação vaga; reminiscência 4 modo de ver, opinião, parecer 5 o cume de uma elevação, monte ou montanha 6 pequena colina, monte, outeiro 7 obsl. o órgão da visão, a vista. ETIM lat. visum ‘visão, imagem, espetáculo’.