Hacia una ética del jardín. Estudios filosóficos sobre el pensamiento de Byung-Chul Han

Óscar Flantrmsky Cárdenas

Professor na Escola de Filosofia da Universidad Industrial de Santander

17/09/2024

de Juan David Almeyda Sarmiento
Editorial UIS, 2023 | Link para compra

Em uma era imersa no bombardeio do consumismo e da hiperprodução individual, um manto de mal-estar está sendo tecido com cada vez mais força. Não é de se admirar: os fios desse sólido manto niilista cobrem o horizonte daqueles que, ansiosos por encontrar uma saída (ou uma breve fissura que nos permita traçar a fuga esperada), tentam manter à tona a questão de um futuro diferente. Assim, é possível desarticular o dispositivo complexo e difuso que constrói e reconstrói a lógica do consumismo? A filosofia tem oferecido mais do que algumas tentativas, como uma tênue esperança que se extingue no turbilhão dessa dinâmica dominante. Entretanto, não podemos culpá-la por sua tentativa. Ou talvez não totalmente, pois talvez seu erro tenha sido fechar o olhar e fingir encontrar a tão sonhada resposta nas vozes dos filósofos ocidentais, cuja boa vontade não é desprezível, apesar de seu fracasso, ao qual, como um Sísifo contemporâneo, eles estão condenados a se sobrecarregar repetidamente.

No entanto, como no mito cantado por Hesíodo, talvez no fundo dessa ânfora pandoresca haja uma pequena esperança que clama para sair. Talvez seja a solução definitiva, talvez não, mas por que deveríamos nos recusar a tentar? Essa esperança pode ser encontrada na abertura para a filosofia oriental. É justamente para essas coordenadas que aponta a reflexão do filósofo Juan David Almeyda, em seu livro "Hacia una ética del jardín", obra na qual o autor faz uma análise meticulosa do pensamento do filósofo coreano-alemán Byung-Chul Han, arquiteto da união das vozes ocidentais e do Extremo Oriente [entendido como China e Japão principalmente] como maneira de encontrar uma forma de resistência, e talvez de libertação, da dinâmica desumanizadora do capitalismo. Mas em que consiste essa proposta? Para entendê-la melhor, é necessário levar em conta os postulados políticos de Han, cuja crítica ao capitalismo reúne parte do pensamento ocidental e os fundamentos do pensamento oriental, que ele considera ser um composto de práxis e ética, e com o qual o filósofo coreano busca encontrar uma saída para o sistema de controle neoliberal. Nesse sentido, uma ética do jardim consiste em um processo que articula uma proposta prática que leva a evitar o retorno a um sistema de controle e que se localiza na intimidade do ser humano, razão pela qual é impossível entender o projeto emancipatório desse filósofo sem fazer referência à filosofia do Extremo Oriente.

Nessa ordem de ideias, como adverte Almeyda, para desvendar tanto o escopo conceitual quanto a implementação de uma ética do jardim, é necessário abraçar toda a estrutura proposicional de Han, seus conceitos-chave e as ideias contidas em suas diferentes obras. Nesse sentido, Almeyda faz uma viagem meticulosa pela filosofia de Han e, acompanhada de um espírito crítico, analisa os pilares conceituais do filósofo coreano. Assim, termos como "cansaço", "psicopolítica" e "desempenho", para citar apenas alguns, adquirem toda uma dimensão conceitual que está ligada à formação da proposta de uma ética do jardim, nome adequado para a leitura que Almeyda propõe de Han, em relação ao projeto emancipatório que orienta o pensamento de Han e que toma, justamente, a figura do jardim como um espaço vazio e contemplativo, ruinoso e de contato no qual o homo digitalis (o sujeito controlado pelas lógicas neoliberais) se torna homo cochlea, o homem caracol que se despoja de subjetivações, desfaz o Ego fabricado (ou digitofabricado) em dispositivos neoliberais, e encontra seu próprio nome nas ruínas desse "eu" desfeito, de modo que, uma vez esvaziado das armadilhas psicológicas neoliberais, ele se abre para o Acontecimento e se redescobre como um ser transformador, e não como um sujeito cuja atividade é voltada para a reprodução de um aparato econômico. Como Almeyda corretamente aponta, a ética do jardim, então, articula uma emancipação contra a totalização do trabalho e da psicopolítica, enquanto constrói pontes para um futuro no qual a dominação econômica e os valores neoliberais não determinam os vínculos humanos.

Assim, Hacia una ética del jardín é uma obra que pode ser levada em duas direções. A primeira, como um caminho para aqueles que desejam ser iniciados na filosofia de Han ou que desejam ampliar sua compreensão do pensamento desse filósofo. A segunda, mais profunda e arriscada, é uma proposta esperançosa para uma saída das estruturas neoliberais que limitam o potencial criativo da vida humana à manutenção desse sistema econômico. Como um shanzai, uma cópia que, em vez de replicar um modelo, o imita e, ao mesmo tempo, imprime uma singularidade que o diferencia do imitado, o pensamento de Almeyda é capturado aqui como um leigo conceitual, cujas cartas misturam a visão de Han e a sua própria, e se apresenta como uma resposta que busca evitar seu naufrágio nas águas da resignação e do desespero. Um trabalho que, sem dúvida, vale a pena ser lido por aqueles de nós que estamos procurando uma saída para esse labirinto de espelhos em que nosso tempo está passando.